A nova tribo

Nós professores somos uns tipos com uma onda bem diferente dos outros. Somos, tipo (como dizem os meus alunos), uma cena bués de radical. Somos a nova "tribo", como os surfistas, os motards, os góticos,e por aí a fora. É verdade...basta analisar o seguinte: o nosso ano nunca acaba a 31 de Dezembro e inicia a 1 de Janeiro. Gostamos de iniciar a 1 de Setembro e terminar a 31 de Julho (mais coisa menos coisa). O correcto seria estar a lançar foguetes, beber champanhe e engolir as 12 passas, a desejar um excelente ano lectivo! É também nesta altura (tal como no réveillon) que tomamos as decisões mais importantes (planificações critérios, reuniões, etc. etc. etc.). Infelizmente, para alguns professores, é nesta época que sabem se têm emprego ou não (ou seja, é altura do Euro milhões da classe docente) e se sair a sorte grande, aí então os festejos seriam bem maiores! Também podemos falar da nossa relação anti-sedentária com a vida. Não podíamos ser mais nómadas e dinâmicos! Não venham falar de obesidade nesta tribo, pois tal coisa não existe. Temos várias modalidades para praticar o nomadismo: Corrida (200 metros barreiras, para entregar uma pauta e uma ata a tempo); Maratona (pegar na casa às costas, largar, marido, mulher, filhos, e procurar, no menor tempo possível, uma casa para alugar no outro lado do país); Natação (as piscinas que temos que fazer cada vez que fazemos uma vigilância de exames); Lançamento de peso (quantidade de livros que carregamos para a escola, e o mesmo incluí a casa às costas); Vela (as vezes que navegamos na net para concorrer e saber os resultados dos concursos), entre outros. Depois de todas estas proezas, nunca conseguimos obter qualquer medalha olímpica. Mas temos muitos diplomas de participação, pois há sempre quem até goste desta tribo. E a retribuição é um sorriso, um obrigado, um "adoramos as suas aulas", um "espero que seja nosso(a) professor(a) para o ano". E isto é bem melhor que uma medalha e faz com que todas as dificuldades que esta tribo passa para existir, ficam por terra. A esta tribo, à qual eu também pertenço, desejo um feliz ano novo, e que este ano seja bem melhor que o interior. E aos que ficaram sem colocação, desejo muita sorte e que não deixem de lutar. Bom Ano!