Neste Carnaval fomos à Guarda passar uns dias. No dia 4 de Fevereiro fomos convidados a presenciar um evento muito interessante: Julgamento e Morte do Galo do Entrudo. Nos meios rurais, a morte ou enterro do Entrudo anunciava a renovação e o revigoramento da fauna e da flora. Um curioso ritual de expiação, uma catarse colectiva que expurga as culpas individuais e colectivas, imputando ao galo a responsabilidade por todos os desmandos e acontecimentos grotescos acontecidos na localidade ao longo do ano: questões passionais, desvio de águas da rega, mudança de marcos divisórios das terras, desavenças vicinas, adultério... Desde tempos imemoráveis, este galináceo representa o poder, a autoridade, a vigilância, a virilidade e a fecundidade. O seu canto matinal renova o tempo, ao anunciar, triunfantemente, um novo dia. Contudo, quando acontece fora de horas, é presságio de mau tempo, doença ou má fortuna, virtudes premonitórias que ainda lhe são reconhecidas em diversos ditos, conservados p